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biografia do jesus and mary chain

"O ALAN NOS ACONSELHOU
A FAZER TUDO
MAIS ALTO"

TRECHOS DE "BARBED WIRE KISSES - A HISTÓRIA DO JESUS AND MARY CHAIN", DE ZOË HOWE

“O Alan nos aconselhou a fazer tudo mais alto”, acrescentou Douglas, “mas ninguém nos levou a gravar daquele jeito ou a fazer aquele som. O William sabia o que fazer com seu Portastudio, é um cara inteligente e um músico intuitivo. Não relaxava no estúdio. Se alguém produziu aquele disco, talvez tenham sido o Pat Collier e o William. Mas ainda assim foi uma produção do Mary Chain.”

Assim que as faixas base estavam prontas, o Jesus and Mary Chain adicionou microfonia usando um dos amplificadores de ensaio do Alaska Studios. Quando Collier finalmente lhes deu uma cópia da mixagem bruta, com a qual o Mary Chain se envolveu de perto (cada um mexeu principalmente na própria parte, enquanto os outros não estavam olhando), eles a levaram embora muito cansados, porém eufóricos. Mas quando a levaram para a casa de Alan e a ouviram no stereo system portátil dele, um ghettoblaster, estava muito diferente. Jim contou: “Mixamos naquelas enormes caixas de som Tannoy, maiores que o meu primeiro apartamento. Um som gigante. Pensamos: ‘Ficou bom demais. Não tem como ficar melhor’. Então levamos a fita pra casa, pusemos pra tocar e estava horrível. Parecia rock de FM americana ou algo assim. Como aquilo tinha acontecido?”

 

Alan e William voltaram ao estúdio no dia seguinte, para remixar a fita e intensificar a microfonia. Segundo Pat Collier, levou algum tempo até chegarem ao som que queriam. “Tínhamos quatro ou cinco faixas de microfonia na fita de 24 faixas, então joguei a microfonia pra cima e eles disseram: ‘O.k., precisamos de mais’. Coloquei mais um pouco. “Não, precisamos mais do que isso.” Mandei pra cima e chegamos no topo do fader. “Não, queremos mais.” “Então coloquei todos os faders pra baixo, os gains no máximo, e lá fomos nós de novo. Chegamos ao topo dos faders de novo e eu disse: ‘Opa, espera um pouco, vocês estão na frente da mesa’. Fui para a parte de trás da mesa e eles continuaram empurrando o fader pra cima até o máximo, e continuamos até chegarmos a essa famosa gravação que toda vez que alguém ouve, acha que o rádio está com algum problema.”

Levou tempo para acertarem a mixagem e, lembrou McGee, ainda assim a banda não ficou totalmente feliz com o resultado. Ele, no entanto, ficou muito animado e ligou para Bobby Gillespie assim que pôde. Bobby contou: “O McGee me ligou e disse: ‘Essa é a melhor coisa que eu já lancei. Vai explodir a porra da cena. O povo está implorando por isso’. Ninguém deveria subestimar o entusiasmo que esse cara teve em promover essa banda”.

Na verdade, McGee estava tão entusiasmado que não pôde esperar para mandar a mixagem para Bobby pelo correio: comprou uma passagem de dez libras, de Londres a Glasgow, e viajou durante a noite para mostrá-la pessoalmente. Bobby imprimia envelopes internos de discos de vinil para a Creation, já que tinha trabalhado para uma gráfica e conhecia alguém que tinha uma impressora na garagem. Normalmente, essa impressora era usada para imprimir convites de casamento e cartões de Natal, mas, contou Bobby, “todos os envelopes dos primeiros discos da Creation foram impressos na garagem daquele cara. O Alan me passava a arte, o cara fazia a litografia e imprimíamos quinhentas cópias de cada envelope”. Se naquela ocasião Bobby tinha uma encomenda de envelopes para entregar a Alan, ótimo, mas a verdade é que Alan estava morrendo de vontade de mostrar a gravação a Bobby.

Alan chegou a Glasgow às sete horas da manhã e foi direto para a casa de Bobby, brandindo a fita como um possesso. Assim que aquele hoje bem conhecido uivo de microfonia jorrou, Bobby ficou tão tocado quanto McGee. “Ele tocou para mim a mixagem do Joe Foster, que não tinha microfonia”, contou Bobby, “e depois a mixagem do William e dele e me perguntou: ‘O que você acha?’ Eu disse: ‘A sua e do William’.”

O Jesus and Mary Chain ainda não estava satisfeito, mas McGee estava confiante de que se ele e Bobby se unissem, logo conseguiriam convencê-los de que tinham um sucesso underground nas mãos. “Bom senso negado!”, disse McGee. “Seguiram em frente e foi uma puta explosão.”

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"O WILLIAM ESTÁ DE CARA CHEIA"
"E O JIM É UM FILHO DA PUTA"

Uma turnê na América estava marcada para outubro e novembro. Que banda ia abrir? Mazzy Star, de Hope Sandoval. Assim, William e Hope nnão precisariam ficar longe um do outro, o que não pegou bem para Jim. A preocupação era que essa decisão deixaria William difícil de rastrear, já que o casal sairia sozinho, por conta própria. Foi também a primeira turne com Steve Monti - ele tinha participado da Rollercoaster com o Curve, mas tirando entradas furtivas no camarim do Jesus and Mary Chain para polir alguns pratos, ele ainda não tinha provado a verdadeira experiência de viajar com o Mary Chain.
 

(...) Uma briga entre os irmãos, porém, deixaria os outros membros da banda pensando que o fim tinha chegado. No dia 27 de novembro, o Jesus and Mary Chain e o Mazzy Star tocaram no Roxy, em Los Angeles, cidade natal de Hope. Jim contou: "Foi logo depois de Stoned & Dethroned que o William e eu passamos a não entender pra que lado o outro estava indo. Ele estava namorando a Hope, e eu não me dava bem com ela. Talvez eu tenha pegado pesado. Ela tinha um pouco de prima donna, mas muito de ingenuidade e inocência, mas eu não percebi isso na época". "Lembro de que em Los Angeles, depois da passagem de som, o William decidiu que ia sair com a Hope e eu disse: 'Você não vai conseguir voltar a tempo para o show'. Ele respondeu: 'Não, eu dou um jeito'. Só apareceu cinco minutos depois da hora do início do show, e eu fiquei muito puto, griteo com ele. A Hope saiu batendo o pé."

"O William disse: 'Foda-se, eu não vou para o palco antes de ficar bêbado'", acrescentou Monti. "Então todos nós tivemos que ficar sentados no camarim assistindo ao William beber Jack Daniel's enquanto o relógio fazia tique-taque. De vez em quando, eu ousava perguntar: 'Você já está bêbado?' Finalmente ele ficou pronto e pudemos fazer o show."

Fervendo, Jim marchou para o palco e rosnou no microfone: "O William está de cara cheia". Para não ficar por baixo, William retrucou: "E Jim é um filho da puta".

(...) Olhando para trás, Jim refletiu e até fez um ato de contrição: "Acho que fui o trouxa nessa história. Penso no que era o Mary Chain - então, qual o problema de ele chegar cinco minutos atrasado? Não fez nenhum estrago. Eu só queria provar que tinha razão".

"Naquele tempo, aconteciam muitas coisas desse tipo envolvendo a Hope. Não acho que ela fazia nada por mal, mas me dava nos nervos, e eu criava caso com coisas que, pensando melhor, não tinham a menor importância. Eu devia ter dado uma chance para ela."

 

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Editora Sapopemba
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